10 julho 2017

Talento


Um joik (tipo de canto tradicional Sami) cantado por Jon Henrik Fjällgren perante as câmaras da televisão sueca, de homenagem ao seu melhor amigo Daniel, que morreu de diabetes

Pode um indígena da Colômbia tornar-se indígena do norte da Escandinávia? Se ele pertencer a um povo indígena de uma parte do mundo, com características genéticas e culturais bem definidas, não pode passar a pertencer a um outro povo indígena de outra parte do mundo, com características genéticas e culturais muito diferentes das suas, ou pode? Será que um índio sul-americano pode tornar-se um Sami, criador de renas nas paisagens geladas da Lapónia e da Península de Kola? Afinal, o que é que define que alguém é indígena de tal ou tal parte do mundo: são os genes, a cor da pele, o formato do nariz, a lisura ou o encrespado dos cabelos, ou é o sentimento, a cultura, a alma?

Jon Henrik Fjällgren é um jovem nascido na Colômbia, no seio de uma comunidade de índios, que aos três meses de idade foi colocado num orfanato, na sequência da morte dos seus progenitores biológicos. Adotado por uma família de nacionalidade sueca, mas pertencente ao povo Sami, Jon Henrik Fjällgren foi levado para a Europa, onde cresceu como se fosse, ele também, um membro do povo Sami. Tornou-se pastor de renas, uma das ocupações tradicionais dos Sami, antigamente chamados Lapões.

Como se tudo isto não bastasse, Jon Henrik Fjällgren tornou-se o rosto e, sobretudo, a voz do povo Sami na Suécia, quando ganhou em 2014 o concurso de talentos chamado Talang Sverige ou, como se chamaria em inglês, Sweden's Got Talent.

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